Acreditar no Natal


Esse não é um texto meu, mas espetacularmente reproduz a essência dos meus pensamentos... faço então minhas as palavras de Lya Luft:

"As pessoas se queixam muito de que o Natal hoje é só comércio. Depende de quem o comemora. Se me endivido por todo o próximo ano comprando presentes além de minhas possibilidades, pois no fundo acho que assim compro amor, estou transformando o meu Natal num comércio, e dos ruins. Se entro nesses dias frustrado porque não pude comprar (ou trocar) carro, televisão, geladeira, estou fazendo um péssimo negócio para minha alma. E, se não consigo nem pensar em receber aquela sogra sempre crítica, aquele cunhado cínico, aquele sobrinho malcriado, abraçar o detestado chefe ou sorrir para o colega que invejo, estou transformando meu Natal num momento amargo. Então, depende de nós. Claro que há as tragédias, as fatalidades, doença, morte, desemprego, alguma maldade – essas não faltam por aí. Um avô meu morreu de doença muito dolorosa, na véspera de Natal. Foi a primeira vez que vi um adulto, minha avó, chorando. Há poucos anos, minha mãe morreu na antevéspera de Natal, depois de longuíssimo tempo de uma enfermidade maldita. Mas foram também ocasiões de conforto e consolo, abraço, amor e entendimento.

Na medida em que não se podem dar muitos e caríssimos presentes, talvez até se apreciem mais coisas delicadas como a ceia, o brinde, o carinho, os votos, a reunião da família, o contato emotivo com os amigos, mensagens pelo correio ou e-mail, música menos barulhenta e aroma de velas acesas. Mais que tudo isso, o perfume de uma esperança ainda que realista. A crise nas finanças pode incrementar a valorização dos afetos. Se não pudermos viajar, curtiremos mais nossa casa. Se não há como trocar velhos objetos, vamos cuidar mais dos que temos. Se não podemos comprar o primeiro carro, vamos olhar melhor nossos companheiros no metrô. Vamos curtir mais nossos ganhos em afeto.

Não é preciso ser original para escrever sobre o Natal. A gente só quer que ele seja tranqüilo e gostoso, e que nos faça acreditar: em Papai Noel, em anjos, em famílias amorosas ou amigos fiéis, em governantes mais justos e líderes mais capazes, em um povo mais respeitado – em alguma coisa a gente acaba sempre acreditando. Porque, afinal de contas, é a ocasião de ser menos amargo, menos crítico, menos lamurioso e mais aberto ao sinal deste momento singular, que tanto falta no mundo: a possível alegria, e o necessário amor."

Ainda a sonhar

Ainda que seja por hoje
Ainda que seja assim
Seu sorriso me fez sonhar
Seu sorriso me fez sentir

Idealizei pra me perder
E perdi pra encontrar
Ainda que seja por hoje
Ainda que seja assim

Parei pra te ver
Parei pra apreciar
Sonhei em viver
E vivo de sonhar

Quero-te aqui
Mais do que lá
Quero-te no viver
Ainda mais no sonhar

Sonho viver
Para o sonho realizar
Essa é minha vida
É o meu desejar

Quando será que vou
Novamente viver
O que vivi no sonhar?


Tom Marcelino

Cegos e sós

O amor está por todos os lados
Em cada uma das direções
Invisível à maioria insensível
Por quê não podem vê-lo
Se para mim ele brilha a cada dia
Como um sol infinito
Iluminando cada sombra
Acompanhando cada alma
Nunca deixando alguém
Em própria solidão?

Tom Marcelino
22 de outubro de 2008
Bobby Long Inspiration

Se é minha, o que fazer?

Num poema sem sentido
Desconto a minha vida
Pois é na escrita
Onde encontro meu prazer

Penso em palavras
Penso em seus sons
Sentidos e dons

Penso, penso, penso
Se penso, só penso
Mas nada consigo apreender
Se a vida for como um dever

Mas a vida é minha
É de quem quiser
E sendo como é
Desisto do dever

Faço da vida o meu viver
E se assim eu quero
Assim vai ser

Se duvidas
Escreves uma rima
E eu escolho então
Se uma sina ou se me fascina

E assim levo a vida
Da forma como me combina
De como é o meu querer
Sendo o que sou
Sendo o meu viver.


Tom Marcelino

Equilibrista

A corda é fina
A corda é bamba
Nem com uma rima
A vida se equilibra

O equilibrado
vê do alto
A corda fina
Do caminho que domina

O desequilibrado
vê embaixo
a corda bamba
do destino que que o vitima

A corda é fina
A corda é bamba
Faço uma rima
E sigo a vida.
Equilibrista, equilibrando.

Tom Marcelino

Music Inspiration

Inapropriada é a canção
Que não cantada
Faz de vozes e ouvidos
Duetos divididos

Pense 1, 2, 3
Não espere sua vez
Cante 1, 2, 3
Veja o que já fez

Solte a respiração
Sua voz numa canção
Feche os olhos
Expire inspiração

Penso 1, 2, 3
Quero a minha vez
Ouço 1, 2, 3
Sinto o que me fez

O ritmo é o tempo
E tempo perdido
É música não sentida
Vida não vivida

Um, dois, três
O dueto dessa vez
Um, dois, três
Quatro, cinco, seis...

Tom Marcelino
30.07.2008

Time's A Wastin' (Johnny & June)

Amarras

não havia tijolo
nem construção
não, não era o operário em construção
o que se via
era sim um prisoneiro
sem grades nem detenção
mas um interno em confusão...

eu sou tudo, sou nada, sou filósofo, sou poeta e um sonhador... vivendo a vida e seu esplendor...

Tom Marcelino

Ars Amatoria - A arte de Amar

Segundo o poeta romano Ovídio, escritor de 'Ars Amatoria' (A arte de amar), uma trilogia sobre a sedução, a arte do amor é praticamente um método a ser seguido, aplicado e alcançado. Dito dessa forma, acredito que os Don Juans da atualidade utilizam o didático ensinamento buscando a sua única finalidade, a conquista (realmente obtida utilizando o sistema "ovidiano"). Esquecem no entanto que sem sentido, a conquista não tem valia nem significado. Seus famosos 12 mandamentos descrevem perfeitamente quais táticas devem ser usadas na conquista. Em contra ponto a este poema, escrevi uma crítica chamada Nauj Mod que fala exatamente não como fazer, mas como sentir.
Por fim, em homenagem aos enamorados, deixo aqui algumas palavras de uma antiga poesia minha (aceito sugestões de título) ainda muito atual.


Eu te amo
Ainda que o futuro esteja cheio de improbabilidades
Ainda que as incertezas sejam maiores
Ainda que o medo corrompa a impulsão

Eu te amo
Ainda que me arrependa dessa atração
Ainda que um dia perceba a ilusão
Ainda assim, te amo de coração

Eu te amo
Ainda que quisesse estar enganado
Ainda que fosse eu nascido em outra região
Que me dissessem se sim ou se não

Eu te amo
Enquanto não houver razão
De existir ou não
O que me importa é sentir
Sentir se me queres ou não
Sendo sua resposta assim ou em vão

Não te quero partida na indecisão
Quero-te inteira sem medo ou paixão
Quero-te vida na imperfeição

Eu te amo
Ainda que sem dizer-te
Que reside em ti
O prazer de viver

Se me ouves
Não encontra uma canção
E sim um lamento
De alguém sem sustento
Que encontra aí
Razão de sentir

Nunca disse assim
Como vês aqui
Imploro a ti
Que não esqueças de mim
Quando ouvires um refrão
Dizendo assim
Te amo sem fim

Tom Marcelino

C'est moi...C'est ma vie...

Queira acreditar, não precisa se preocupar. Veja através dos seus próprios olhos a beleza reflexa do seu ser. Supere erros, aprenda com eles. Não sinta solidão, e quando estiver só, faça companhia a si mesmo. Ouça conselhos, mas invente sua própria sabedoria, ela é individual e intransferível. Amor e compreensão andam abraçados. Compreender é respeitar, ainda que sem entender, e amar é incondicionar, viver, sorrir e chorar. Experimentar e nunca esquecer, sentir e amar, amar e viver. Viver e sonhar.

Sonial

Se pensares em se estabelecer
Creias que já o é, ó meu amigo
Não falo por credulidade ou esperança
Digo em certeza o que preza o meu saber

Se com poesia saboreares a vida
Que assim o seja
Sendo as palavras as curadoras de sentimentos
Ou mesmo expressões de indagações

Se velejares pelo mundo perdido
Encontra-te comigo
Estou também vagando pela vida
Ainda sem destino, amigo
Mas buscando meu caminho

Se pensas no futuro
Que esteja lá bem escrito
Fazer da vida o seu triunfo
Pessoal e coletivo, estado conjuntivo

Cinco anos, meia década
O tempo é feito de atitudes
Muito mais que minutos
Ele assim o é construído

Dessa sua construção
Comportamento e cognição
Qualquer que seja a apreensão
Não me preocupo contigo
Saiba disso, meu amigo

Tom Marcelino
13 de maio de 2008

Interpretações Infantis

Quando somos pequenos as interpretações das coisas costumam ser muito mais criativas e inusitadas, por assim dizer. A ausência de conhecimentos prévios e conceituações nos levam a criar respostas para esse hiato de significações. Lembro-me de duas frases que guardo na memória como recordações engraçadas da velha infância. Numa das primeiras vezes que andei de ônibus, li o seguinte aviso escrito próximo ao condutor: “falar ao motorista somente o indispensável”. De imediato, e sem hesitar, interpretei com plena convicção – “indispensável é o nome do cargo daquele cara lá atrás que recebe o dinheiro das passagens”. Ou seja, por algum tempo, achei que o nome do cobrador (trocador) fosse “indispensável” e acreditava que somente ele tinha o direito de falar com o motorista. Engraçado não? Já em outra ocasião, no início dos 8 anos em que pratiquei natação, recordo-me como se fosse hoje de uma placa , que ficava na base das escadas da plataforma de saltos, que trazia tal inscrição: “Mente sã, corpo são.” Essa frase, por alguns dias atordoou meus pensamentos. Ficava a pensar comigo mesmo, o que a mente era e o corpo também? Achava que a frase estava incompleta e eu precisava saber o que a mente e o corpo eram, já que “mente sã, corpo são”; mas são o que? Era assim que eu pensava. Passado alguns dias, evoluí um pouco e imaginei, depois de muito matutar, que o são, poderia ser de sanidade e que a única explicação para aquela outra palavra nunca antes vista ou ouvida (sã), só poderia ser o feminino de são. Resolvida a questão, a placa já não mais me atormentava a imaginação. Agora ficou como recordação. Rsss