A Sociedade e a Cultura da Negação

Parece peculiar que os indivíduos das sociedades modernas apresentem inerentemente padrões de neuroses. Neuroses são problemas do sistema nervoso que não tem causas demonstráveis e que, diferentemente da psicose, conservam a referência à realidade, ligam-se a situações circunscritas e geram perturbações sensoriais.
A privação individual de atitudes e pensamento em detrimento ao esperável, concebível ou mesmo tradicional na cultura têm tornado os indivíduos cada vez mais neuróticos e padronizados. Máscaras são necessárias, mas elas não podem se apropriar da face humana. Quando isso acontece, quando as pessoas deixam de reconhecer a si mesmas e começam a se perceber como a máscara que as cobrem, a ansiedade, a depressão e outros transtornos psíquicos se manifestam tentando reverter essa realidade.
Se o desejo é a liberdade, a plenitude e a originalidade, esqueçam as convenções. Sejam autênticos. Façam da realidade um mundo confortável para as individualidades e diferenças.

Crime e Castigo - Corrupção Incontrolável do Brasil

As normas sociais sempre valorizaram o interesse coletivo acima das benesses pessoais. Esse sentimento de relevância superior da sociedade em relação ao indivíduo, a princípio, deveria regulamentar a vida de todos nós. Esse marco regulatório da organização social, quando inerente às culturas, permite que o todo prevaleça sobre as partes. Assim sendo, ninguém está acima da lei, e a lei é a mesma para todos, indiferente à classe, raça, religião ou etnia.

Já em 1866 o escritor russo Fiódor Dostoievski abordou o tema do desvio de comportamento no seu livro, Crime e Castigo, clássico da literatura mundial. Nele, um indivíduo ao cometer um delito, apesar de inicialmente não ter sobre si nenhuma pena imputada, acaba por não conseguir dar andamento à sua vida por conta do sentimento de culpa.

No Brasil, infelizmente a sociedade raramente é contemplada pelo interesse geral. Alguns segmentos seguem ostentando tratamento diferenciado e praticamente não são submetidos ao julgo da lei. Aqui, como em outros paises incapazes de se desenvolver, prevalece a prática da impunidade; e isso se tornou cultural. Ao perguntar a qualquer cidadão sobre a possibilidade de castigo aos corruptos, as respostas serão invariáveis: com eles nada acontece. Aqui, o crime tem compensado seus praticantes.

A corrupção se tornou regra, segundo últimos levantamentos do instituto de transparência internacional. Já é maioria, é sistemática e é reversível. Isso mesmo, reversível. Para os incrédulos isso é impossível. Mas há sim saídas para essa situação. Enquanto não atingimos os níveis de civilidade cultural onde a autopunição é o grande desestimulador da corrupção, devemos investir incessantemente na aplicação de penas aos comportamentos ilegais. A impunidade deve ser abolida. Só assim, um dia, a justiça será verdadeiramente justa e independente, e os cidadãos estarão mais passíveis da autopunição do que do castigo legal.