Interpretações Infantis

Quando somos pequenos as interpretações das coisas costumam ser muito mais criativas e inusitadas, por assim dizer. A ausência de conhecimentos prévios e conceituações nos levam a criar respostas para esse hiato de significações. Lembro-me de duas frases que guardo na memória como recordações engraçadas da velha infância. Numa das primeiras vezes que andei de ônibus, li o seguinte aviso escrito próximo ao condutor: “falar ao motorista somente o indispensável”. De imediato, e sem hesitar, interpretei com plena convicção – “indispensável é o nome do cargo daquele cara lá atrás que recebe o dinheiro das passagens”. Ou seja, por algum tempo, achei que o nome do cobrador (trocador) fosse “indispensável” e acreditava que somente ele tinha o direito de falar com o motorista. Engraçado não? Já em outra ocasião, no início dos 8 anos em que pratiquei natação, recordo-me como se fosse hoje de uma placa , que ficava na base das escadas da plataforma de saltos, que trazia tal inscrição: “Mente sã, corpo são.” Essa frase, por alguns dias atordoou meus pensamentos. Ficava a pensar comigo mesmo, o que a mente era e o corpo também? Achava que a frase estava incompleta e eu precisava saber o que a mente e o corpo eram, já que “mente sã, corpo são”; mas são o que? Era assim que eu pensava. Passado alguns dias, evoluí um pouco e imaginei, depois de muito matutar, que o são, poderia ser de sanidade e que a única explicação para aquela outra palavra nunca antes vista ou ouvida (sã), só poderia ser o feminino de são. Resolvida a questão, a placa já não mais me atormentava a imaginação. Agora ficou como recordação. Rsss