Duvídro
Sempre me senti um vidro
E como vidro, era apenas um caco
Que entre tantos casos
Desenhei mosaicos
Era um vidro frágil
Mas como todos outros
Era somente um caco
Transparente e reluzente
Mas um caco
Gostava de ser um caco
Um pedaço de vidro
Jogado ao asfalto
Mas não sabia ser um vidro
Motivo de embaraço
Até que quando outro caco
Disse ser espelho e fez-me palhaço
Fez-me ver como queria
Não como eu via
E da minha alegria
Daquele bocado
Só sobrou um caco
O espelho refletia
Mas se esquecia
Que a imagem do reflexo
É parte do universo
Esqueceu a harmonia
Buscou em guerras
A sua supremacia
Mal sabia ele
Que num dia recolhido
Por tristeza e agonia
Fui pisado e fiz sofrer
E nesse achado
O tal ferido
Me disse eu ser
Não mais um caco
Imagine o que?
Descobri que espelho é vidro
Também é caco
E assim como eu
Também é fraco.
Tom Marcelino
1 comentários:
O Anel de Vidro
Aquele pequenino anel que tu me deste,
- Ai de mim - era vidro e logo se quebrou
Assim também o eterno amor que prometeste,
- Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeiçãoo que o tempo aniquilou, -
Aquele pequenino anel que tu me deste,
- Ai de mim - era vidro e logo se quebrou
Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como tambÈm guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste
Manoel Bandeira
Postar um comentário