The doors of perception – As portas da percepção

A citação “Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito" do inglês William Blake serviu de inspiração para o título do livro de Aldous Huxley – The doors of perception. De acordo com Huxley o cérebro humano filtra a realidade de modo a não permitir a passagem de todas as impressões e imagens que existem. A partir daí ele desenvolveu estudos com drogas em que deduzia que elas ampliavam a percepção humana. Essa teoria foi fundamental para o movimento hippie e foi também a inspiração de Jim Morrison para o nome de sua banda – The Doors.


Relevando a teoria sobre as drogas , concordo com Huxley no que diz respeito sobre a limitada capacidade da maiora dos humanos em absorver a realidade. A sociedade contemporânea é sistemática, dinâmica e funcional. O indivíduo é apenas um item desse organismo maior. Para evitar o caos, a estrutura social exige delimitações e regras. Deseja padrões de comportamento e pensamento. Essa requisição funcional, inerentemente, já traz consigo o julgamento do certo e do errado, da moralidade e da existência de culpa, impedindo as pessoas de experimentar, vivenciar, transgredir e finalmente mudar. A composição do pensamento humano é formado pelas informações do ambiente que o contempla e das suas experiências interativas, suas vivências. Em ambos os casos, existe uma padronização social e cultural em que as informações e vivências são cada vez mais comuns, no sentido de serem semelhantes e experimentadas pela maiora. No entanto, com tanta regulação sobre nossas atitudes e pensamentos e tantos guias de comportamento adequado, nos tornamos aprisonados, acuados e compelidos a não evoluir. As consequências para os que ousam transgredir os valores sociais, culturais e morais, são devastadoras. Só os mais fortes e preparados realmente conseguem lidar com os efeitos exclusitivos de suas ações. São julgados, discriminados e expulsos da normalidade. Mas, só através de tal ousadia e transgressão, onde as experiências permitem enxergar o invisível, possibilitando uma nova experimentação, onde o absoluto perde o sentido e a relatividade se torna a condição, é que realmente alcaçamos a liberdade, a consciência plena e o real entendimento do infinito.

5 comentários:

Anônimo disse...

caralho, muito bom teu texto Tom!!
mandou bem!!
já quis escrever sobre isso certa vez, mas tinha muitos fundamentos e lendo agoras o que você colocou...porra foi tudo o que eu queria ter dito!!
massa!!
abraço

Anônimo disse...

As vezes vejo a transgressão como uma regra, e a realidade como um LCD turbinado capaz de nos levar a lugares estranhos (?) e atitudes duvidosas.

Destruir para construir, morrer para nascer, reinventar o que já existe, dando apenas nome diferente...

Sistemáticos? Até que ponto ou sobre qual ótica?

Diria que somos previsiveis, criando problemas para poder resolvê-los como professores de Matemática no colégio.

Ser normal e padronizado também é complicado... as pessoas, certamente numa hora, vão te taxar de careta.

No auge dos meus 21 anos ainda tenho duvidas sobre o que é ser normal, sobre a ampla visão de assuntos tolos e sobre limitações de ótica.

De fato, não sou o que minha mãe gostaria que eu fosse lá atrás quando eu nasci (por tanto transgredi as "regras" matriarcais"), mas aqui fora, no mundo tenho preguiça de colocar lentes futuristas e "anarquistas (no sentido mais banal da palavra)... (logo acho que sou careta, normal e padronizada mesmo)...
Viu só, eu avisei que meus conceitos ainda estavam se formando!

No fundo a busca pela tal liberdade parte de aceitarmos que temos óticas diferentes, e todos temos dentro de nós transgressores e normalistas e, as vezes para se ver o invisível precisa se enchegar o que está diante do nariz...

Melhor eu parar por aki pq quanto mais eu leio, mais confuso fica e menos eu sei o que eu disse!!

Ana Lua

Anônimo disse...

Realmente um texto de M-E-S-T-R-E!

"About The doors of perception, 'there are things that never change'... you know what I mean?" He he he!

Minha opinião geral sobre o assunto é que considero bastante improvável alcançarmos "a liberdade, a consciência plena e o real entendimento do infinito", pela nossa própria condição humana. Entretanto, isso não quer dizer que não devamos tentar alcançar essas coisas todas. Muito pelo contrário: devemos fazer das nossas limitações e "amarras" o combustível para nos impulsionar no caminho de nossas vidas. "Superação" talvez seja um bom "rótulo" para o que digo, "sem querer rotular, mas já rotulando".

Anônimo disse...

Esqueci de assinar, mas acho que nem precisava, né, M-E-S-T-R-E?

Um abraço,

Fábio.

Anônimo disse...

Bom texto...sem dúvida, coerente e crítico!na minha opinião ao ler o livro recordou m as técnicas surrealistas para a conclusão de obras primas...tentar levar o corpo e por consequência a mente a um plano paralelo mas de diferente percepcção...Mas o que me fez pensar é que no nosso quotidiano se fossemos capazes de visualizar e sentir o infinito envolvente na sua componente essencial, o ser humano não seria mais genuíno e desprendido das regras do sistema?...não quero com isto dizer que deveríamos andar diarimente 'stoned' mas com a complexidade que é a nossa máquina interior (cerebro) não deveria haver necessidade por um desenvolvimento mais afincado das capacidades da nossa mente, já que usamos tão pouca capacidade que ela tem para nos propocionar...abrir as nossas portas da percepcção...individualmente...

Parabéns ...Anarchy girl